terça-feira, 16 de novembro de 2010

Cap. 13: Chuva . parte II

_ Ai, que saudade que eu tava de vocês-ela nus apertava no seu abraço enquanto falava- que bom voltar tudo de boa novamente.
_ Ai Bella, assim você me machuca-eu tirei o braço dela de min.
_ O que vamos aprontar hoje? Barzinhos? Shopping?
_ Não sei, eu queria ficar em casa sabe? Ver uns filme e etc.
_ To dentro, posso chamar o Rômulo?
_ Quem?- eu me espantei.
_ Ai gente, não me olha deste jeito-ela se envergonhou.
_ È o Rômulo que eu to pensando? Daqui da escola? Aquele loiro que você tanto odeia?- Bê a recriminou.
_È, ai gente, para de me olhar assim, ele é super gente boa- ela se explicou- eu falava mal dele porque eu não o conhecia direito, mais ele é um amor, ficamos a primeira vez ontem- Nós chegamos na porta da sala.
_ Ahan, sei como é. Julgando o livro pela capa né?
_ Para ok, posso levar ele?
_ Esta bem- eu me conformei- já que é seu ficante, pode levar sim.
_ Eu te amo amigo- ela deu alguns pulinhos de alegria e me deu um beijo.
_ Mais cuidado hein- eu fiz sinal pra ela abrir o olho, eu não tinha completa confiança neste menino.
_ Sim, eu sei me cuidar.
A aula passou numa rapidez tão intensa que nem deu tempo pra nada, na hora do recreio eu e Bê ficamos separados, ele com os amiguinhos dele lá (aqueles garotos de sempre, que gostam de ir em shows pra ficar pegando inúmeras garotas só pra mostrar que são os tais) e eu e Bella juntos, sentados numa mesinha, como sempre rodeado de pessoas, de vez em quando o meu olhar cruzava com o de Bê, mais eu logo desviava, a gente não podia se entregar, tínhamos que manter uma distância saudável, não podíamos deixar transparecer nada, se não estávamos ferrados.
_ E a sua ficante Icky?
_ Am-eu não estava prestando atenção em nada que eles falavam- que ficante?
_ A menina que tu tava garrando, lembra?
_ Não- respirei aliviado- aquilo lá era só uma treta, já passou Denise, já passou.
_ Nó, jurava que vocês iriam dar algo a mais, você me parece tão feliz.
_ Só aparência Denize, só aparência.
Agora que me caiu a ficha, com quem eu iria inventar que estava ficando? Porque trair Bê eu não iria, eu não podia, eu tinha que arrumar uma desculpa pra não ficar com ninguém, mais qual?
O sinal pro final da aula bateu, Bella se atirou na frente, diz que tinha que conversar algo com Rômulo, eu nem entendia muito o interesse repentino dela nele, mais deixa, ela ta feliz, isto que interessa. Quando saímos pelo portão, percebi o quanto chovia, eu e Bê nus olhamos:
_ E agora?
_ Eu que vou saber?- retruquei_ Bella concerteza já foi ou não vai agora, o ponto é lá no final da rua, vamos ter que molhar.
_ E entrar no ônibus todo molhados? Jamais.
_ Minha mãe não vai poder buscar a gente!
_ Ai meu Deus-Bê cossava a cabeça no sinal de preocupação.
Eu nestes últimos tempos estava vivendo muita adrenalina, toda essa sensação que eu tava sentindo era novas pra min, isto estava me sobrecarregando demais, eu precisava expulsar aquilo ou iria explodir. E ir embora na chuva seria uma boa, me faria bem, já que tinha tempos que não fazia uma coisa tipo está.
_ Porque não vamos embora na chuva?
_ Você enlouqueceu?
_ Não-eu olhei pra ele e sorri, com um ar de felicidade, ele concerteza entendeu o que eu queria dizer, estalei meus dedos e comecei- Um, dois..
_ Pêra- ele segurou minha mão- apostar uma corrida?
_ Se você aceitar perder, porque não?
_ Hã- ele soltou uma bela risada- você é um frangote.
_ Você que acha.
_ então vamos, dois, três e já... no sinal positivo nos começamos a correr pela rua feito dois loucos, os pingos de chuva batiam como pregos no meu rosto, molhavam meus cabelos e me faziam sentir vivo, mais vivo do que nunca, era como voltar aos meus tempos de criança, me lembrei das vezes que fugia de casa pra tomar banho de chuva no play do prédio. A minha respiração ficou mais difícil, cada passo que eu dava parecia uma eternidade, eu percebi que estava me cansando, parei de correr um pouco e abrir meus braços olhando para o céu, Nunca tinha experimentado tanta felicidade na minha vida, era meu momento único, Bê do meu lado era tudo que eu mais precisava.
_ Peguei-Bê me segurou pela cintura me fazendo rodopiar no ar, atrapalhando meu momento, mais não me importava, nós estávamos todo molhados, ou melhor, encharcados, a rua era deserta, nem sei ao certo onde estávamos, mais acho que já era perto de casa, eu passei a mão por volta do seu ombro e ele me segurou mais forte- quem venceu?
_ Não sei, acho que foi você?- eu sorri.
_ E o que eu mereço?- ele me levantou até na altura dos seus olhos, me olhava fixamente, eu fiquei meio sem jeito.
_ Não sei, deixa me ver, um beijo?
_ Só se for agora- ele me apertou ainda mais contra seu peito e me deu um longo beijo, que era aquilo? Eu e Bê no meio da rua, na chuva, nos beijando, nunca na minha vida pensamos em fazer isto, concerteza era uma coisa muito diferente do que sonhei pra min, mais eu estava amando.
_ A gente é louco-eu sussurrei no ouvido dele.
_ Loucos mais felizes que já vi!- ele sorriu e me desceu do seu abraço de urso.
_ Você nunca vai me deixar?- eu estava baixando a guarda, não podia ter perguntado isto, era muito doentio da minha parte, eu estava me entregando totalmente, o que ele iria pensar? Que eu estava louco de amor por ele.
_ Jamais, eu não deixaria minha felicidade de lado!
Eu sorri o abraçando, isto me confortava me fazia acreditar em amor eterno, me fazia acreditar ainda mais está vivendo um conto de fadas!
Nós nus sentamos na beirada do meio fio e ficamos lá, conversando, os momentos com Bê eram únicos e marcantes.
_ Acho que devemos ir, a chuva já ta passando.
_È, mamãe deve ta preocupada já.
_ vamos - ele levantou e estendeu a mão pra me ajudar a levantar, andamos mais umas 15 quadras até chegar o condomínio, eu estava morto de cansado e ensopado, eu e Bê andávamos e sorriamos alegremente, parecíamos dois loucos varridos, ninguém conseguia entender muito bem o que se passava na nossa cabeça.
Quando abrimos a porta do apartamento, mamãe e Fabrício estavam lá, sentados, estáticos, esperando pela gente.
_ Onde vocês estavam?- ela já se virou e veio pro meu lado.
_ È que a gente veio a pé, na chuva mamãe.
_ Vocês são loucos, é muito longe, e tomar essa chuva toda, não vai ser bom pra vocês.
_ Ah, foi até bom tia, a gente se divertiu-explicou Bê.
_ È melhor contar agora Sarah- Fabrício se levantou do sofá com um ar preocupante e amedrontado.
_ Contar o que mamãe? O que aconteceu?
_ Icky e Bê, quero que vocês sentem-se, quero conversar com vocês!
_ Mais o que aconteceu tia? O que foi?_ Bê já foi pro lado do sofá morrendo de medo e preocupação.
_Bem, layla..
_ O que aconteceu com minha amiga mamãe?- eu já corri pra perto dela e quis logo saber.
_ Icky, calma meu bem, é preciso que você fique calmo.
_Não, eu não vou ficar enquanto não souber o que aconteceu com minha amiga!- me desesperei.
_ Bem, Layla sofreu um acidente!
_ O que?- meu mundo verdadeiramente desabou, fiquei frio,gelado, meu estomago se revirava, eu estava tão feliz, tão alegre, e agora recebo uma noticia desta, me sentei no sofá meio tonto,lagrimas vieram nos meus olhos.
_ O que aconteceu tia?- Bê estava apreensivo.
_ Bem, ela estava de carro com aquele namoradinho dela, ele passou por uma Blitz e a policia percebeu algo estranho, ele acelerou o carro e perdeu o controle- minha mãe fez uma pausa pra respirar, ela também estava muito nervosa, eu já estava em prantos- o carro virou e caiu da ribanceira, Ele morreu na hora, mais Layla esta no hospital, não sabemos ao certo como ela está, eu estava esperando você chegar pra ir pra lá.
_ Eu quero ir mamãe, eu não posso ficar aqui sabendo que minha amiga está aqui-do jeito que eu tava não iria ajudar muito, mais ficar em casa sabendo que minha amiga estava no hospital seria muito mais dolorido pra min.
_ Icki, calma, vai tomar um banho, a gente vai te levar pra lá- Fabrício disse tentando me acalmar.
_ Sim-eu enxuguei as lagrimas e me esforçando ao máximo pra me levantar do sofá, desde que recebi a noticia eu tinha me congelado nele e não conseguia me levantar, Bê estava pálido, olhava pra frente sem piscar, a noticia deixou todos espantados-Eu vou tomar um banho, me esperam?
_ Sim filho-ela veio até min e me deu um beijo na testa-vai você e o Bernado tomar um banho, a gente espera vocês aqui.
Eu subi as escadas mudo, Bê do meu lado, também sem dizer uma só palavra, minha cara de abatido concerteza estava estampada, meu coração parecia que estava sendo amassado por uma mão invisível, as lagrimas corriam sem permissão.
_ Oh meu Deus”- exclamei ao entrar no quarto- porque a Layla, logo minha amiga?
_ Icky- Bê veio até min e me abraçou- calma, a gente não sabe como ela tá, ela pode estar bem, a gente tem que acreditar nisto- ele passava a mão no meu cabelo tentando me acalmar.
Eu me forcei no abraço dele, pelo menos isto me confortava um pouco, eu era péssimo pra estas coisas, eu era frágil, não tinha uma mente muito boa pra noticias ruins, isto me perturbava muito, eu me sentia um inútil. Bê fez questão de deitar um pouco comigo, me abraçando, a vibração boa que vinha do abraço dele me fortaleceu, era como um carregador de energia, o calor da sua pele me esquentou, por min, não tinha forças nem pra ir no hospital, não tinha força pra me levantar da cama, foi ele que me encorajou, foi ele que me deu forças.
_ Acho que temos que tomar banho agora!
_ Certo!- eu o apertei mais no meu abraço, pra sentir seu cheiro que era sem igual, eu já tinha gravado seu perfume na memória, era como um ativador da minha felicidade-eu vou primeiro.
_ Não, eu tomo banho no corredor, pode ficar tranqüilo.
_ Está bem-eu o beijei.
O caminho do hospital foi trágico, todos nós estávamos calados, sem dizer uma só palavra, eu ainda estava pasmo, calado, pensativo, me perguntava o por quê disto tudo, justo com minha amiga, eu tentava buscar explicações viáveis, eu me sentia um covarde, em não está com ela na hora que ela mais precisava, em não ter alertado minha amiga, em ter deixado ela ir de carro com aquele crápula, mesmo sabendo que não tinha culpa nenhuma nesta historia, eu me sentia um pouco culpado, um pouco cúmplice disto tudo.
Quando chegamos ao hospital fomos direto pra salinha que antecedia a UTI, isto me assustou, concerteza o caso de Layla era grave, enfim chegamos a uma salinha com paredes azul clara e pequenas poltronas amarelas, era uma salinha de espera, lá logo avistei Bella e Gui, eles estavam inconsoláveis, Bella tinha os olhos fundos de tanto chorar, e Gui me parecia assustado.
_ Cadê ela?- cheguei já perguntando, Bê, mamãe e Fabrício logo atrás de min, eu como estava maluco, corri na frente pra saber logo o que tinha acontecido.
_ Ela acabou de entrar na sala de cirurgia!
_ Cirurgia? Pra que?- eu me sentei, não conseguia dar mais um passo sozinho, minhas pernas estavam bambas, eu iria dar um treco.
_ Não sabemos, só sabemos que ela vai passar por uma cirurgia demorada agora, o caso dele é grave-disse Rômulo, que estava lá acompanhando Bella.
_ O que?- me levantei espantado enxugando minhas lágrimas-Eles não vieram aqui dar nenhuma noticia ainda?
_ Não_ Gui estava perto da gente me encarando, como se eu fosse uma coisa estranha e sobrenatural-Nós só sabemos que ela vai passar por uma cirurgia agora.
_ OH meu Deus!- agora eu já estava andando prum lado e pro outro, coçando a cabeça, o que teria acontecido com Layla, ficar sem noticias assim seria um martírio_ E cadê a tia? Cadê a mão da Layla?
_ Ela ta no soro!- disse Bella.
_ Soro?- agora que me caiu a ficha, eu estava em um hospital, a bolha que eu tinha formado se rompeu, eu odiava aquele ambiente, da ultima vez que entrei num voltei pra casa órfão de pai, enfim, este clima de calmaria me pertubava.
_ E, ela não aquentou a pressão, começou a sentir umas tonturas e entrou pra tomar soro.
_ Gente!- não aquentei ficar de pé mais, me sentei colocando os cotovelos sobre os joelhos apoiando minha cabeça e limpando os olhos_ Porque com a Layla, porque?_ eu falava sem acreditar.
_ Fabrício você é médico, Tem livre acesso, busque alguma informação pra gente?
_ Vou tentar Sarah, vou ver o que posso fazer- ele beijo a testa dela com carinho e se foi.
_ Calma filho!-mamãe sentou na cadeira do lado e segurou minha mão_ Tudo vai acabar bem!
_ Cadê Bê?- agora que percebi que ele tinha sumido do meu campo de visão
_ Ele foi levar Bella pra dar uma volta, vê se acalma e se ela come um pouco!- ela passou a mão na minha cabeça e alisou meus cabelos.
_ mãe?
_ o que foi filho?
_ Dá ultima vez que estivemos aqui, nós voltamos sem o papai!
_ Eu sei meu filho, eu sei- ela me agarrou mais forte, como se isto fosse me confortar ainda mais- mais agora vai ser diferente- ela sussurrou- eu sei que vai.
_Icky?- levantei minha cabeça que estava apoiada sobre o peito da minha mãe, era Bê com um copo de café na minha frente- toma, vai te fazer bem!
_ Não, não quero!- realmente minha barriga estava rodando, minha garganta fechada, eu não conseguiria tomar nada naquele momento.
_ Filho, toma um pouco, vai te fazer bem_ ela pegou o copo da mão de Bê e me ofereceu-por favor?
_ Tá-pequei o copo e comecei a tomar, quando vi Fabrício voltando, eu, Bella e Bê corremos até ele!
_ E ai? Ela vai ficar bem não vai?_ Bella tratou logo de perguntar.
_ Calma crianças-ele fez sinal para que nos nus assentar_ calma!
_ Fala Fabrício, fala!- eu estalava os dedos e mordia os lábios de nervosismo
_ Bem, ela acabou de ser operada, ela fraturou o Fêmur e teve uma lesão na coluna óssea, agora é esperar, ela vai passar por uma bateria de exames e logo depois eles dão o diagnostico.
_ Mas ela ta bem né? Ta acordada?- perguntou Bê apreensivo.
_ Ela foi sedada por causa das fortes dores que ela sentia, agora ela dorme.
_ Meu pai-eu alisava meu cabelo e meu rosto, até quando a gente iria ficar ali, sem ver ela, sem ter noticias de como ela iria ficar, e quando iria sair dali.
_ Icku?
_Âm?- era Bê que estava do meu lado, com certeza tinha percebido meu estado de eloqüência.
_ Toma o café, vai te fazer bem_ ele disso isso colocando a mão no meu ombro.
_ Tá-falei meio que acordando.
1,2,3 horas e nada de noticias, eu não estava aquentando mais ficar ali,eu gritava desesperadamente por dentro, estava sendo muito difícil, Bella estava toda desengonçada no meu colo, eu alisava os lindos cabelos ruivos dela, Bê estava na recepção ligando pra mãe dele, ela não pode ir pra lá, mais de hora em hora ligava pra saber noticias, eu estava de olhos fechados, tentando fazer o tempo passar mais rápido.
_ Icaro!
_ Am-me concertei na cadeira e abri os olhos, era mamãe.
_ A gente vai ter que ir, Fabrício veio comigo, deixou o carro dele lá em casa, agora vou ter que leva-lo, ele pega plantão daqui a pouco.
_ Mãe, mais eu não posso ir e deixa-los aqui, sozinhos-Bella levantou do meu colo e eu me pus de pé-e eu não vou agüentar ficar lá em casa sem noticias.
_ Certo, você pode ficar, eu volto pra te buscar.
_ Tá mamãe-ela me abraçou e me de um beijo.
_ Vai dá tudo certo, confia em min

3 comentários: