sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Cap. 14: Acalento Parte I

Já eram quase meia noite e nada de noticias, eu estava exausto, não agüentando mais aquela aflição, não agüentando mais aquela dor, tudo estava sem sentido pra min, vazio, o cansaço me anestesiou.
_Toma!- Bê me acordou do meu estado de insanidade colocando um copo na minha frente, se abaixando com a mão sobre meu joelho-Vai, toma um pouco.
_ O que é isto?- perguntei.
_ Apenas água-ele me olhou tão amoroso e cuidadoso que fez a bolha se romper novamente, eu, todo tempo que estivemos ali naquele hospital sequer perguntei Bê se ele estava bem, sequer olhei pra ele e tentei acalma-lo, a dor me fez cego, só estava pensando em min, e ele? Toda hora estava do meu lado me acolhendo.
_ Bê! Você está bem?- perguntei colocando minha mão sobre a dele, tocando-a amorosamente.
_ Estou, não precisa se preocupar.
_ Desculpa eu não ter perguntado antes, você sabe né?
_ Sim, eu sempre fui mais fortes pra estas coisas!
_ Isto é verdade-e era mesmo, ele quase nunca chorava, se abalava, por isto estranhei quando estávamos no meu quarto, e ele se desabando em lagrimas no meu colo.
_ Beba-ele me ofereceu a água novamente, eu assenti, pois não tinha jeito de deixá-lo mais feliz.
_ Icaro.
_ Mamãe-ela entrou pela sala vindo ao meu encontro, eu estava exausto.
_ E ai?- ela perguntou sentando na cadeira do lado e apertando minhas mãos-alguma noticia?
_Nada- falou Bê sem demora- até agora nada tia.
_ Gente, mais eles não podem fazer isto, não podem deixar vocês por tanto tempo assim sem noticias.
_ Sei, mais acho que estas coisas demoram mesmo mamãe-tentei acalma-los mesmo desacreditando nisto, mesmo esperando pelo pior!
De repente um vulto branco passou entre nós, minha mãe tratou logo de puxá-lo pra tentar para-lo
_ Por favor, precisamos de noticias sobre Layla Pagung, será que você pode ajudar?- agora que percebe que minha mãe estava falando com um médico que ali passava-por favor, a gente não agüenta mais esperar!
_ Senhora!- ele disse na sua voz profissional- eu vou ver que posso fazer- ela consentiu com a cabeça e soltou sua mão, ele adentrou pelo largo corredor branco, tia Kelren, que era mãe de Layla tinha acabado de voltar da capela, foi orar um pouco, ela voltou passando a mão pelos cabelos num tom de desespero!
_ Nada ainda gente?- ela perguntou
_Nada- falou minha mãe a ajudando a sentar numa cadeira macia- eu acabei de pedir a um médico que passava aqui pra buscar informações.
Eu deixe minha mãe lá, conversando com tia Kelrem e fui atrás de Bê, que tinha sumido de perto de min, aqueles corredores brancos e silenciosos me davam nervos, era tão vazio, tão sem vida, eu procurava desesperadamente por Bê, precisava dele, até que o vi, perdido, andando sem rumo por um corredor vazio.
_ O que faz aqui- ele se assustou quando me viu
_ Vim atrás de você uai.
_ Não!- ele falou um pouco rude-não precisava, eu to bem, eu estou, podia ter ficado com Bella.
_ Não- eu contestei- você precisa mais de min agora!
_ Quem te disse isto?
_ Bê, para tá legal?- agora eu que falava num tom rude-eu só queria ajudar, só retribuir a ajuda que você me deu até agora, mais já que não quer, tá beleza, fui-me virei pra deixá-lo sozinho.
_ Espere!- ele segurou minha mão e me puxou de volta pra ele- Desculpa você tem razão- ele me olhou com aqueles olhos azuis piscina e me apertou contra seu peito-a gente precisa um do outro agora.
_ Mais do que nunca!- eu sussurrei no seu ouvido afagando sua cabeça sobre meu peito tentando conforta-lo, estava nem ai se o corredor poderia ter alguém olhando, nos precisávamos um do outro naquele momento, e eu não iria deixar ele sozinho.
_ Será que ela vai ficar bem?- ele me apertou mais para si, colocando suas mãos sobre minhas costas.
_ acho que sim-tentei anima-lo, mais eu estava derrotado pelo cansaço e pelo medo.
_ Ela vai sair desta, eu sei que vai!- ele suspirou, eu passei a mão pela sua cabeça e beijei sua testa. De repente me senti fraco, com as mãos frias, o corpo mole, a cabeça rodava, eu sabia que algo tinha acontecido algo que eu estava com medo, algo que eu temia interiormente, Bê me segurou mais forte, vendo que eu não me aquentava em pé, me segurou sobre seu peito tentando me conforta - você está bem?
_ Não, fiquei tonto de repente.
_ Vou te levar pra salinha, vamos-ele passou meu braço pelo seu ombro me ajudando a caminhar!