terça-feira, 5 de abril de 2011

Cap 14: Acalento . Parte II

Quando chegamos na salinha, eu consegui sentir o clima desespero no ar, veio como aquele cheiro bom de comida sendo feita, mais desta vez, não era nada bom, Bella estava num canto, com a cabeça baixa, desolada, chorando interruptamente, seu choro era agonizante e me fazia sentir pontadas de tristeza no peito.
_ Mamãe?- falei enquanto Bê me carregava, ela estava de costas, chorando sem cessar, virando-se pra min e limpando as lagrimas.
_ Filho!- ela falou engolindo o choro, tentando deixar o seu rosto mais pacifico possível.
_ Mãe, diz que não, por favor?- eu falei num tom de suplica, as lagrimas desceram sem meu consentimento.
_ Filho, é!- Não, o que ela iria falar eu não queria ouvir, Layla tinha que esta viva, ela tinha_ Bem, o médico responsável pela Layla veio aqui dar noticias.
_ E o que ele falou?- Eu não conseguia me conter, estava desesperado, atordoado, olhei pra Bella na esperança de ter respostas, ela ainda chorava desesperadamente.
_ Filho, Layla vai precisar muito de nossa ajuda e força agora_ Dizendo isto ela limpou as lagrimas que caia.
_ Mãe, o que aconteceu com ela?- Eu me sentei com a ajuda de Bê, estava sem forças e agora, mais do que nunca, atormentado.
_ Layla está Paraplégica!
Eu gritei, não podia acreditar no que acabo de ouvir, logo minha amiga que era cheia de vida, que saltitava e transmitia tanta felicidade, agora ficaria presa numa cadeira de rodas? Dependente dos outros? Meu grito ecoou pelas salas vazias e silenciosas do hospital, podia ser tudo uma mentira, quem dera se tudo fosse mentira.
_ Filho, calma minha mãe tentou me consolar, mais nesta hora eu não conseguiria ser consolado por ninguém, me desvencilhei dos braços da minha mãe e saindo correndo dali, deixando pra trás apenas os ecos de vozes me chamando.
Corria tanto que não conseguia ver nada na minha frente, as lágrimas que caiam também me atrapalhavam a enxergar um pouco, quando dei por min estava num pequeno jardim, com certeza era uma ala plugada ao hospital, era lindo, com pequenos bancos de argila, rodeado de coqueiros e pinheiros, era um jardim super bem cuidado, me sentei num dos banquinhos com a cabeça apoiada nos joelhos, eu queria sumir, sair deste mundo e destes problemas. Quem poderia me ouvir nesta hora? Como se fosse uma benção o nome dela me veio na mente, Sim, “Nicole’ poderia me ajudar muito agora, peguei meu telefone do bolso, com varias chamadas perdias que não me preocupei muito, digitei o numero dela e esperei”.
_ Nicole?- falei com a voz meio falha e trêmula.
_ Icaro? É você lindo?
_ Nick, me ajuda, por favor?
_ Aonde você tá pelo amor de Deus?
_ No jardim do hospital municipal-comecei a chorar!
_ Icaro, fica ai que eu já to indo, não sai de onde você tá!- ela disse num tom de desespero, desligou o telefone e eu fiquei lá, ainda com minha cabeça abaixada, olhos fechados tentando ao maximo não pirar, as lágrimas caiam e molhavam a barra da minha calça, e eu lembrava de como Layla era feliz e independente, ate que:
_ Icaro?- disse a voz grave.
_ Nicole!- Eu levantei a cabeça e lá estava ela, meio desarrumada, lógico, com certeza tinha vindo as pressas, ela me olhava com aquele jeito carinhoso e encorajador.
_ Oh querido, o que aconteceu?- ela sentou-se do meu lado no banco e me deitou no seu colo me afagando com seus braços.
_ È layla, Ai Nick, ela... e eu me desmoronei contando tudo á ela, de como me sentia, do medo que eu tinha de Layla não aquentar, do modo que eu sai correndo do hospital, enfim, contei tudo a ela.
_ Icaro!- ela disse no seu tom carinhoso me fazendo olhar pra ela, passando a mão no meu rosto!- A pessoa que ela mais precisa agora é você! Quer que ela seja forte e encare isto de frente? Então você tem que demonstrar que vai estar do lado dela, assim ela vai se sentir melhor e mais confiante, ela vai lutar contra isto de frente!
_ Você acha?- perguntei enxugando os olhos.
_ Sim, com certeza, agora você tem que voltar lá, ver ela e demonstrar apoio total, tem que mostrar que tá do lado dela em todas as situações_ ela se levantou, ficou de frente pra min e estendeu a mão- agora vamos, pare com esta crise de choro infantil, levanta-se e seja homem, eu vou com você até lá.
Eu me levantei e dei a mão a ela, Nicole agora era meu ponto forte, era uma pessoa que eu confiava de olhos fechados, e também ela me fazia sentir melhor.
_ Obrigado por tudo!- cochichei no ouvido dela enquanto dava um leve beijo em sua bochecha.
Antes mesmo de chegar na salinha minha mãe e Bê já veio ao nosso encontro, me apalpando e perguntando se eu estava bem!
_ Eu achei ela perdido, resolvi o entregar pessoalmente-disse Nicole a minha mãe enquanto Bê me ajudava a sentar e me oferecia água.
_ Obrigada, não sei como agradecer, obrigada mesmo- minha mãe segurava a mão de Nicole enquanto falava- Ele não está nada bem- ela passou a mão pelos ombros de Nicole e se afastou dizendo coisas que não deu pra entender muito bem.
_ Porque fez isso? Quase matou a gente de susto- disse Bê me oferecendo mais água.
_ Desculpa! Eu me desesperei, não sabia o que fazer!
_ E eu sabia que não engoliria está historia muito bem, pensei que iria surtar!
_ Quase surtei, quase!- disse isto alisando o rosto e coçando os olhos- se não fosse Nicole, não sei onde estaria agora!
_ Ela que é a Nicole?- ele disse num tom de surpresa.
_ Sim, é ela-eu disse com um sorriso no rosto, o primeiro dentre essas longas horas que estava neste hospital.
_ Nossa, Bonita ela!
_ Sim, ela é- eu virei meu olhar pra Nicole, que ainda conversava com minha mãe- Eu é- caquejei- Eu preciso conversar com Layla, eu preciso vê-la!
_ Calma, a mãe dela está la dentro, assim que ela sair você vai.
_ Ah, eu quero muito ver ela!- E era verdade, agora eu necessitava muito de vê-lá, de demonstrar que eu estava totalmente do lado dela, de passar força e determinação pra ela.
_ Calma, você vai ver ela ainda!
E agora eu fiquei lá, olhando pra Bê, ele desde o inicio estava me dando forças, estava do meu lado, isto fez eu sentir um pouco de segurança, me deu um pouco de alegria.
_ Obrigado!- exclamei.
_ Não precisa agradecer, eu te amo, e isto é o mínimo que eu posso fazer!- eu o abracei suspirando fundo, quando senti uma mão no meu joelho, me virei, era Nicole se agachando pra dizer algo!
_ Icaro, eu vou ter que ir, mais é bom saber que estar melhor!
_ Sim, estou-coloquei minha mão sobre a dela!- Obrigado por tudo!
_ Nada, se precisar, é só me ligar, eu volto.
_ Esta bem!- eu a abracei forte e a agradeci de novo, minha mãe fez o mesmo, enchendo Nicole de elogios.
_ Que pessoa mais linda!- disse ela quando Nicole se foi- Tão educada, nossa, não sabia que conhecia ela meu filho.
_ Conheci ela um dia no ônibus mamãe, ela é uma pessoa maravilhosa.
_ Me parece mesmo, sinceramente, eu gostei muito dela, ou dele!- Não sabe o quanto fiquei feliz por saber disto, que minha mãe não tinha preconceito, seria um pouco mais fácil pra mim contar pra ela, quando me decidisse!
_ Sr. Icaro Muniz?- Um médico entrou pela salinha dizendo meu nome.
_ Sou eu!- me levantei num pulo!
_ Layla deseja ver você!
- Este bem-suprirei fundo, agora era a hora, de mostrar pra mim mesmo o quando eu era forte.
_ Força filho, força-minha mãe disse me dando uns tapinhas nas costas e um beijo na bochecha.
_ Obrigado mamãe-eu também a beijei.
E lá fui eu, em direção ao quarto onde estava layla.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Cap. 14: Acalento Parte I

Já eram quase meia noite e nada de noticias, eu estava exausto, não agüentando mais aquela aflição, não agüentando mais aquela dor, tudo estava sem sentido pra min, vazio, o cansaço me anestesiou.
_Toma!- Bê me acordou do meu estado de insanidade colocando um copo na minha frente, se abaixando com a mão sobre meu joelho-Vai, toma um pouco.
_ O que é isto?- perguntei.
_ Apenas água-ele me olhou tão amoroso e cuidadoso que fez a bolha se romper novamente, eu, todo tempo que estivemos ali naquele hospital sequer perguntei Bê se ele estava bem, sequer olhei pra ele e tentei acalma-lo, a dor me fez cego, só estava pensando em min, e ele? Toda hora estava do meu lado me acolhendo.
_ Bê! Você está bem?- perguntei colocando minha mão sobre a dele, tocando-a amorosamente.
_ Estou, não precisa se preocupar.
_ Desculpa eu não ter perguntado antes, você sabe né?
_ Sim, eu sempre fui mais fortes pra estas coisas!
_ Isto é verdade-e era mesmo, ele quase nunca chorava, se abalava, por isto estranhei quando estávamos no meu quarto, e ele se desabando em lagrimas no meu colo.
_ Beba-ele me ofereceu a água novamente, eu assenti, pois não tinha jeito de deixá-lo mais feliz.
_ Icaro.
_ Mamãe-ela entrou pela sala vindo ao meu encontro, eu estava exausto.
_ E ai?- ela perguntou sentando na cadeira do lado e apertando minhas mãos-alguma noticia?
_Nada- falou Bê sem demora- até agora nada tia.
_ Gente, mais eles não podem fazer isto, não podem deixar vocês por tanto tempo assim sem noticias.
_ Sei, mais acho que estas coisas demoram mesmo mamãe-tentei acalma-los mesmo desacreditando nisto, mesmo esperando pelo pior!
De repente um vulto branco passou entre nós, minha mãe tratou logo de puxá-lo pra tentar para-lo
_ Por favor, precisamos de noticias sobre Layla Pagung, será que você pode ajudar?- agora que percebe que minha mãe estava falando com um médico que ali passava-por favor, a gente não agüenta mais esperar!
_ Senhora!- ele disse na sua voz profissional- eu vou ver que posso fazer- ela consentiu com a cabeça e soltou sua mão, ele adentrou pelo largo corredor branco, tia Kelren, que era mãe de Layla tinha acabado de voltar da capela, foi orar um pouco, ela voltou passando a mão pelos cabelos num tom de desespero!
_ Nada ainda gente?- ela perguntou
_Nada- falou minha mãe a ajudando a sentar numa cadeira macia- eu acabei de pedir a um médico que passava aqui pra buscar informações.
Eu deixe minha mãe lá, conversando com tia Kelrem e fui atrás de Bê, que tinha sumido de perto de min, aqueles corredores brancos e silenciosos me davam nervos, era tão vazio, tão sem vida, eu procurava desesperadamente por Bê, precisava dele, até que o vi, perdido, andando sem rumo por um corredor vazio.
_ O que faz aqui- ele se assustou quando me viu
_ Vim atrás de você uai.
_ Não!- ele falou um pouco rude-não precisava, eu to bem, eu estou, podia ter ficado com Bella.
_ Não- eu contestei- você precisa mais de min agora!
_ Quem te disse isto?
_ Bê, para tá legal?- agora eu que falava num tom rude-eu só queria ajudar, só retribuir a ajuda que você me deu até agora, mais já que não quer, tá beleza, fui-me virei pra deixá-lo sozinho.
_ Espere!- ele segurou minha mão e me puxou de volta pra ele- Desculpa você tem razão- ele me olhou com aqueles olhos azuis piscina e me apertou contra seu peito-a gente precisa um do outro agora.
_ Mais do que nunca!- eu sussurrei no seu ouvido afagando sua cabeça sobre meu peito tentando conforta-lo, estava nem ai se o corredor poderia ter alguém olhando, nos precisávamos um do outro naquele momento, e eu não iria deixar ele sozinho.
_ Será que ela vai ficar bem?- ele me apertou mais para si, colocando suas mãos sobre minhas costas.
_ acho que sim-tentei anima-lo, mais eu estava derrotado pelo cansaço e pelo medo.
_ Ela vai sair desta, eu sei que vai!- ele suspirou, eu passei a mão pela sua cabeça e beijei sua testa. De repente me senti fraco, com as mãos frias, o corpo mole, a cabeça rodava, eu sabia que algo tinha acontecido algo que eu estava com medo, algo que eu temia interiormente, Bê me segurou mais forte, vendo que eu não me aquentava em pé, me segurou sobre seu peito tentando me conforta - você está bem?
_ Não, fiquei tonto de repente.
_ Vou te levar pra salinha, vamos-ele passou meu braço pelo seu ombro me ajudando a caminhar!